A Narradora

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Juliana
Estudante de Biologia, escritora e desenhista meia-boca nas horas vagas. Odeio cebola, acordar cedo e ficar muito tempo sem ter o que fazer. Na maioria das vezes sou quieta demais e prefiro continuar desse jeito. E sim, meu cérebro às vezes tem lag, problemas com interpretações múltiplas, vontade própria e está atualmente seriamente comprometido por um certo homem de covinhas.
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terça-feira, 8 de julho de 2008

Dois pontos, travessão (2)

Capítulo 1 - Pelas ruas de Liverpool - Parte 2

A vontade de seguir em frente, em linha reta, cruzou sua mente, mas foi impedido por um frio que lhe subiu a espinha. Contra todos seus extintos, virou-se e caminhou lentamente ao número 73 que pairava ao seu lado.
As mãos ossudas tocaram a porta três vezes, e os risos cessaram. Uma das sombras virou-se para a porta e prontificou-se a atendê-la. A incerteza tomou conta do peito daquele ser que se encontrava parado do lado de fora. As mãos suavam e o coração acelerava num ritmo alucinante naqueles segundos que se arrastavam pela eternidade.
A sombra aproximou-se da porta e destrancou-a. Seus olhos deram de cara com duas esmeraldas brutas e apagadas, e o instinto fez com que ele batesse a porta à sua frente.
- Por favor,... estou buscando apenas abrigo para esta noite. - a voz saía rouca do peito – ou então só... tudo bem, esquece...
Aquilo fora demais. A necessidade lhe obrigara a pedir ajuda, mas implorar por um pedaço de pão já seria passar de seus limites.
Resolveu então seguir seu caminho através da rua enevoada, fria e deserta. Raras vezes um carro cruzava sua vista, buzinava e xingava-o. Mesmo assim, continuava impassível, cabisbaixo, imperceptível.
Seu labirinto interior lançava flashes de sua vida em Dublin. O verde e o vermelho se misturando, formando uma escuridão sufocante, que o derrubava aos poucos... O sol que brilhava pelas grades da janela... A praia que o assistia contemplar a lua... Aquele sorriso que ele adorava observar... Uma voz que o chamava ao longe...
- Ei, amigo... Você está bem? O que houve?
Uma imagem começou a se formar defronte seus olhos, e quando as duas cabeças desfocadas à sua frente se juntaram em uma só ele percebeu que um rosto redondo o observava.
Levantou-se abruptamente e jogou-se com as costas contra a parede, tomando distância daquele que o acordara.
- Quem é você? – perguntou ainda atordoado e olhou à sua volta – Que lugar é esse? Quem são essas pessoas?
- Calma... – disseram s olhos negros que o fitavam segundos atrás, levantando cm as mãos suspensas no ar – Ninguém aqui vai te fazer nada...
Ignorando as palavras daquele velho homem, continuou olhando assustado à sua volta.
- Onde é que eu estou? – ele virou seu olhar gelado para o homem calvo que o encarava – Responde! – rugiu.
- Ei, moço, calma... isso aqui é um albergue... A polícia rodoviária te encontrou caído na rua, você estava congelando – o velho examinava-o de cima a baixo, como se esperasse que o homem fosse tirar uma faca do meio das roupas e atacá-lo a qualquer momento – você deve estar faminto... – sua cara redonda virou-se para trás – Elizabeth, traga uma xícara de leite quente para o rapaz.

1 comentários:

Danilo Poso Volet disse...

(novamente relembrando Machado e Eça =D)

Juliana,
Agradeço pelo elogio de sobre escrever um livro, e te faço o mesmo. Esse seu texto me deixa muito apreensivo e curioso para saber o que vai acontecer. Por ele ser dividido em partes, me lembra muito os romances de folhetins do século XIX, embora suas característica sejam plenamente realistas.

Beijos e abraços saudosos.
Danilo