A Narradora

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Juliana
Estudante de Biologia, escritora e desenhista meia-boca nas horas vagas. Odeio cebola, acordar cedo e ficar muito tempo sem ter o que fazer. Na maioria das vezes sou quieta demais e prefiro continuar desse jeito. E sim, meu cérebro às vezes tem lag, problemas com interpretações múltiplas, vontade própria e está atualmente seriamente comprometido por um certo homem de covinhas.
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pensamentos Repentinos (17) - Sobre Pessoas




Elas são estranhas. Estranhas e malucas. São tão estranhas e malucas que nem elas próprias conseguem se entender.
E pior que isso: Fazem com que você, ao tentar entendê-las, fique tão maluco e estranho quanto elas.

Pessoas esperam coisas.
Elas esperam que as outras pessoas sejam aquilo que, muitas vezes, elas mesmas não são.
Esperam que tenham seus defeitos perdoados e, quando erram, gritam aos céus que todo mundo tem defeitos e que errar é humano. Mas não relevam os defeitos dos outros.
Elas esperam que as outras pessoas correspondam cem por cento as suas expectativas pré concebidas ou traçadas antes de conhecerem essas outras pessoas em questão. E se esquecem de que uma pessoa é diferente da outra.

Pessoas trocam.
Trocam de sentimentos toda hora, de roupa, de sapato, de amigos ou de namorado. Trocam como se sentimentos, amigos e namorados fossem como roupas ou sapatos.

Pessoas machucam.
Podem ser como pedras no sapato, um espinho no meio do caminho, um tijolo solto no chão, mas com uma diferença: A pedra, o espinho e o tijolo nunca sabem o que estão fazendo.
E elas desenvolveram métodos extremamente eficientes para machucar outras pessoas de um modo muito mais dolorido que um chute ou um soco no olho: Chamam-se palavras. Um aglomerado de letrinhas que podem explodir em significado. Um Yin-Yang que pode servir para reconfortar alguém com a mesma e assombrosa eficiência do que se usada para machucar a pessoa em questão.

Pessoas falam.
Principalmente quando trocam de sentimentos, amigos ou namorados, elas têm uma necessidade gritante e quase incontrolável de berrar para o mundo que fizeram a tal troca e que estão se sentindo imensamente bem com isso.
Só que no fundo elas não estão. E sabem disso.

Pessoas fingem.
Na maior parte do tempo, para si mesmas. Por diversão, para os outros. No fim, para ambos.
É como uma espécie de mecanismo de autoproteção ou autoafirmação: Dizendo aos outros o que querem acreditar e fingindo que aquilo está bem, elas acabam se convencendo daquilo também e ficam felizes.

Pessoas copiam.
Elas copiam um estilo, um jeito de andar, de falar, de agir. Copiam e muitas vezes nem se dão conta disso.
Também copiam idéias, problemas e soluções.
Parodiam. Se tornam uma versão suficientemente fiel das outras pessoas com quem andam.

Pessoas julgam.
Qualquer coisa que estiver ao alcance delas. Outras pessoas, um animal, um pote de sorvete, um programa na tevê.
Julgam e depois separam em caixinhas cuidadosamente etiquetadas com o julgamento em questão.
Elas adoram rótulos.
Adoram julgar e separar o maior número de coisas possível, até perceberem que são a única coisa fora da caixa.

Pessoas reclamam.
E essa é uma mania que pode se tornar irritante. Reclamam do chuveiro, do computador, do gosto da comida e de outras pessoas. Para muitas, é quase um passatempo.
Reclamam, reclamam e reclamam. Até perceberem um dia que não tinham motivo para reclamar.
E nesse dia descobrem que é tarde demais.

Pessoas se arrependem.
Fazem besteiras. Esperam, trocam, machucam, falam, fingem, copiam, julgam, reclamam.
E depois percebem que não deviam ter feito aquilo.

Pessoas são orgulhosas.
E às vezes não se arrependem.
Ou se arrependem, mas não deixam que as outras pessoas saibam disso. Erram... esperam, trocam, machucam, falam, fingem, copiam, julgam, reclamam. E não se desculpam.

Pessoas... são pessoas.
Criaturas complexas que não sabem de onde vieram, nem para onde vão e que se questionam sobre isso desde que se conseguem se lembrar.

Erram, acertam. Esperam, relevam. Trocam, mantêm. Machucam, confortam. Falam, calam. Copiam, inventam. Julgam, se abstêm. Reclamam, compreendem.

Pessoas.
Eu, você. Que, um dia, aprendem.

1 comentários:

Thera Fajyn disse...

Também tenho tido essa percepção ultimamente. Bom saber que não estou sozinha na caixinha!