A Narradora

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Juliana
Estudante de Biologia, escritora e desenhista meia-boca nas horas vagas. Odeio cebola, acordar cedo e ficar muito tempo sem ter o que fazer. Na maioria das vezes sou quieta demais e prefiro continuar desse jeito. E sim, meu cérebro às vezes tem lag, problemas com interpretações múltiplas, vontade própria e está atualmente seriamente comprometido por um certo homem de covinhas.
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pensamentos Repentinos (6) - Sobre Arremessos


Acho que ultimamente treinos de basquete têm me feito mal. Não, eu não estou quebrada, nem roxa, nem nada (tá, talvez com um ou dois dedos meio não-normais, mas a gente leva). É que me fez parar pra refletir sobre muitas outras coisas. Me fez parar pra refetir sobre como a vida da gente se parece com um jogo. Ou pelo menos a minha parece, às vezes.

Um jogo que sempre começa com a bola nas mãos do time adversário. E aí a gente arma a defesa, sempre com coleguinhas, porque cinco contra um é mancada. Marcação zona pra forçar o arremesso de longe. Funciona, o time adversário erra. Mas continua arremessando. Hora de pegar o rebote.

É tentar marcar o espaço. Às vezes funciona, às vezes não. Às vezes o adversário é maior. Às vezes essa é uma desculpa que a gente usa pra se sentir menos mal por nem tentar direito. Ou por desistir de tentar.

Então eles marcam, a posse de bola é nossa. Nessa hora tem pessoas que pediriam a bola desesperadamente e diriam que resolvem a situação. Tem pessoas que só faltam sair da quadra de medo de ter de andar com a bola. Eu não sei, acho que ultimamente ficaria no meio termo.

O time sai com a bola, o adversário arma a defesa. Individual, forte. Daquelas que a gente acha que não vai escapar nunca, por mais alucinadamente que você corra. Aí a gente pára. É, não dá mais pra andar, passar pra trás também não. Passamos a bola, às vezes meio contra vontade, pra frente, pros lados, enfim. Agora já foi, é hora de tentar se desmarcar.
Às vezes é difícil sozinho, o adversário é duro. Daí a gente apela pro corta-luz. Sempre tem o amigo disposto a atrapalhar o oponente e deixar a gente livre pra pegar a bola de novo. E então a gente pega.

Agora a gente jura com todas as forças que não vai mais deixar roubarem a bola da gente, que vamos correr pra cesta, arremessar e marcar. Mas se a marcação apertar um poquinho, a gente passa a responsabilidade e sempre arruma uma desculpa. “A, ele é melhor que eu.” , “Não vale, você é alto.” Quer saber? Dane-se que a pessoa é melhor que você, mais alta, mais rápida, mas bonita ou sei lá o quais outras desculpas viáveis para essa situação. A bola está na sua mão, a cesta a três metros de você e só porque tem alguém no seu caminho você vai desistir assim e passar a bola pro amiguinho do lado? Existem duas possibilidades, errar e acertar. Se você não arremessar, a chance de você acertar é zero, ou seja, não faz diferença. Se arremessar, convenhamos, as chances da bola entrar aumentam consideravelmente. É caro que nem todas as bolas que são arremessadas entram, mas todas as bolas que entraram um dia foram arremessadas.

No fundo, acho que meu maior problema é ter medo de errar. O que não faz o menor sentido, porque já deixei de arremessar muitas vezes e perdi a oportunidade de fazer ponto se ao menos tivesse tentado jogar a bola na direção do aro. Mas não, eu preferi desistir. Pareceu mais cômodo, era só arrumar uma desculpa depois.

Dessa vez eu ainda estou tentando me desmarcar e pedindo um corta-luz, porque sozinha tá difícil. Bem difícil, a marcação tá acirrada.

Se eu vou arremessar quando a bola chegar em mim? Espero até lá ter coragem para sim. Se a bola vai entrar? Bom, aí acho que eu só vou descobrir arremessando.

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